quinta-feira, 12 de janeiro de 2023

Sob o Olhar do Vigia: Análise de Breakers Collection

Você se lembra daquele tempo onde a cada mês tinha um game novo de luta lançado no fliperama? Ao menos, você queria ter vivido isso? Então aqui está uma história de um protagonista que viveu muito tempo nas sombras, mas que decidiu se redimir em 2023!

Com o lançamento de Breakers Collection, temos um final feliz neste primeiro capítulo de jogos de luta aqui no blog FGC Watcher. Vamos conhecê-lo? 

TÚNEL DO TEMPO ATIVADO!

Voltemos ao ano de 1996: o mercado tinha fighting games 2D consolidados das séries Street Fighter, The King of Fighters, Mortal Kombat, Fatal Fury, Art of Fighting, Darkstalkers, Killer Instinct, Samurai Shodown e mais dezenas de games menores nos Arcades. Com isso, muitos jogos lançados se tornam obscuros, passam despercebidos na época.

Essa máquina dominava tudo na metade da década de 90!
 

No dia 17 de dezembro de 1996, nasceu simplesmente Breakers, pelas mãos da Visco já conhecida por games nos mercados do Ocidente e Oriente, mas estreante nos jogos de luta e também para o sistema de Arcades da SNK, o poderoso NeoGeo que consagrou esta empresa.

Uma trilha sonora extremamente marcante chama a atenção logo de cara quando se ligava essa máquina, ainda que combinada a algumas atuações medianas dos voice actors e ao narrador com dificuldade de pronunciar certos nomes. Os gráficos extremamente coloridos em meio a sprites simples mas bem convincentes que despertaram nossa curiosidade sobre o que se trataria aquela novidade.

Maherl é o meu favorito nessa série: solta fogo, vira balão humano e invoca um djinn!

Botar a ficha e experimentar o protagonista Sho Kamui era um jeito de se sentir em casa para os veteranos do gênero. Arriscar nos lutadores Lee Dao Long, Rila Estancia e Maherl era prazer imediato para os fãs de charge. O gameplay sólido de Tia Langray e Pierre Montario nos permitem explorar melhor o espaço dado em Breakers. Mas se apaixonar pelas peculiaridades de Alsion III e Condor Heads permitiam que os mais exigentes jogadores encontrassem o mais recompensador dos prazeres em sua vitória.

Player Select do primeiro game - versão 2023.

Na narrativa, são oito figuras ligadas ao mais perigoso e poderoso lutador de artes marciais do mundo, Bai Hu, possuído por um espírito maligno do tempo do Egito Antigo.

Os movesets incluíam novidades bacanas como vários golpes de comando no ar, ataques que utilizam botões simultaneamente, um sistema de combos muito orientado em golpes especiais, chain combos e no juggle que favorecem os vencedores em disputas air-to-air, além de whiff cancels e knockdowns convertidos em muitos especiais. Alguns extremamente criativos e outros mais simples porém eficazes.

Torpedo foi uma febre nos anos 90, mas poucas Tias usavam.

É um jogo de luta extremamente autêntico: traz batalhas casualmente divertidas graças a movimentação leve e alta responsividade nos ataques, mostra uma IA desafiadora já nos níveis comuns e ainda assim conta com uma série de apelações ao estilo dos anos 90.

E por fim, um easter egg incrível de design: preste atenção no nome do seu adversário quando rolar uma mirror match contra a CPU. É algo inédito!

Mas por que uma joia preciosa dessas é tão rara na memória dos fãs do gênero?


OS MOTIVOS DA INVISIBILIDADE NOS ANOS 90

O jogo trouxe apenas oito lutadores em sua estreia, um número bem reduto diante de concorrentes que variavam entre uma dezena até os colossais 37 de Mortal Kombat Trilogy na época.

Poucas máquinas de fliperama foram vistas aqui no Brasil, então podemos imaginar que sua distribuição tenha sido muito modesta ao redor do mundo, já que o Brasil sempre foi um termômetro de sucesso em relação aos games lançados para o Neo Geo MVS.

Capa da única edição caseira de Breakers Revenge na década de 1990.

E falando nesse sistema de arcade, podemos pensar nos ports dele de 1997... Quase inexistentes, sim! Apenas os próprios NeoGeo AES e NeoGeo CD da SNK foram as versões caseiras do game, o que reduziu ainda mais o alcance e a possibilidade de um sucesso do jogo. Pouco se falou na mídia sobre ele e assim, Breakers caiu no esquecimento e na obscuridade terrível que se impôs em diversos games neste período.

Mas lembra que eu disse que esta é uma série dos jogos de luta? 

Uma série apenas porque a Visco criou em 1998 a revisão definitiva de seu produto, chamada de Breakers Revenge, considerada por muitos como um segundo jogo: o poderoso Saizo Tobikageno é o único destaque de uma desperdiçada chance de continuação de um sólido game de 1996, mas que em 1998 já datava de qualidades técnicas que o distanciou ainda mais de seus concorrentes.

Saizo é uma poderosa adição na versão revisada desse grande clássico.

Ainda assim, o gameplay sólido estava ali, era mais uma oportunidade de se divertir com essa criação da Visco. Até retornar ao baú das boas memórias dos seus raros jogadores. 

Breakers Revenge sequer teve uma versão caseira oficial para Neo Geo AES - exceto pelo esforço de alguns programadores que replicaram o conteúdo da versão Arcade para o próprio cartucho gigantesco do sistema da SNK.

Mas com o advento da internet, fãs de diferentes lugares podem se encontrar, ver que suas paixões são compartilhadas e que há sempre espaço para tornar seu amor num objeto cult.


OS ARES DE UM RENASCIMENTO

Graças aos emuladores dos anos 2000 e suas evoluções com suporte a jogabilidade online, muitos novos clássicos se consolidaram no imaginário dos fãs de jogos de luta e de retrogames ocultos.

Passam-se quase 20 anos até que os nomes de Sho, Tia e Saizo retornem ao mainstream do gênero com um inusitado fato: a criação de uma versão do game para o Sega Dreamcast, console também de 1998, por meio das mãos do atual dono da Visco, Philippe Josh, dono também da Pixel Heart.

Nostalgia e paixão pra reviver um game de quase 30 anos atrás. Perfeito!

Em 2019, vimos o consolidado e competente estúdio brasileiro QUByte Interactive, autor do nacional "99 Vidas" e uma série de indies brasileiros, exibir um teaser intitulado Breakers Collection. E então, ficamos carentes da saga de Sho Kamui... mas por pouco tempo.

Enfim, em 2022, duas surpresas incríveis para os amantes do clássico da Visco: tivemos a apresentação final do produto espetacular que chegaria para nós em janeiro de 2023 por meio de Breakers Collection e ainda uma participação mais que especial do protagonista da série Breakers no mais promissor game de luta brasileiro também prometido para este ano: Pocket Bravery. 

Sho Kamui foi apresentado em trailer no evento Treta Championship 2022.

O jogo da Statera Studio, ainda em versão beta, reviveu nossa paixão pelo lutador japonês e deixou nossos corações ainda mais ansiosos em reviver tudo de bom que a série trouxe em seu âmago: um honesto e poderoso gameplay de Breakers em consoles e sistemas da atual geração. Tem até o cenário temático de Breakers no game brasileiro!

Aqui está o protagonista de Breakers em formato Chibi. LINDO!

A COLEÇÃO DOS SONHOS


Voltando a Breakers para 2023: seu lançamento implicaria em recursos obrigatórios para o sucesso, mas todos foram antes experimentados pelo público que aproveitou do período de Beta Aberto em novembro do ano passado, quando vimos uma perfeita aplicação dos inéditos modos de Training e Online Battles.

Partidas ranqueadas para os jogadores mais hardcore e impiedosos; batalhas casuais para quem quer experimentar um lutador novo antes de se aventurar em busca do topo do ranking mundial; somadas ao lobby para reunir os camaradas que querem se enfrentar num clima mais intimista e função de replays que registram as surras que vão rolar entre você e seus adversários. 

E tudo isso abarcado com a tecnologia Rollback Netcode que permite as melhores conexões para um gênero tão exigente. E já ouviram falar em Crossplay? Sim, Collection vem com conexão integrada entre a versão PC, PlayStation 4 e 5, Switch e Xbox One mais Series X ou S.

  


A otimização de um jogo clássico por meio de novos menus e incríveis opções e modos online podem nos surpreender bem, mas a diversão ficou garantida com o Team Battle que permite enfrentar jogadores ou a própria CPU em partidas de duplas e trios.

A adição casual mais interessante dos últimos tempos!

Breakers Collection ainda nos agracia com um Gallery Mode cheio de itens desbloqueáveis e uma série de artes feitas por fãs da série, um Sound Test que contém os temas originais e os rearranjados para NeoGeo CD e uma surpreendente entrevista com os desenvolvedores - disponível em português. Além de tudo isso, tenha em mãos as opções de filtro para games clássicos no menu de pausa - indispensável!!

Configure como você quer ver os seus óculos da nostalgia!

Como fã de jogos de luta e como amante da comunidade apaixonada pelos clássicos dos anos 90, espero que role muitas competições aproveitando a qualidade impressionante da conexão online. 

E espero que o coração de todos vocês estejam abertos para essa joia rara na história de nosso gênero favorito. 

Eu terminei o game: depois de 56 continues!

VEREDITO

Minha feature favorita: movelist na tela!

Vale o seu tempo?
9/10 - Só não é 10 porque o elenco é pequeno, mas o replay é garantido com a alta responsividade, a qualidade do online e com o novo modo de batalha em equipe e desbloqueáveis presentes.

Vale o seu dinheiro?
10/10 - Altamente acessível pela quantidade de novidades e opções do game em alta qualidade.

Vale sua apreciação?
8/10 - Trilha sonora marcante, personagem que vão de 8 a 80 em design, mas com movesets incríveis.

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BREAKERS COLLECTION - Ficha Técnica


Lançamento: 12 de janeiro de 2023
Produtora e Distribuidora: QUByte Interactive (licenciamento pela Visco)
Plataformas: PC (Steam); Xbox One e Xbox Series; PlayStation 4 e PlayStation 5; Switch.
Gênero: Coletânea (Luta 2D) - contém versões aprimoradas de Breakers (1996) e Breakers Revenge (1998) para Arcade (NeoGeo MVS).
Elenco: Sho Kamui, Lee Dao Long, Rila Estancia, Sheik Maherl, Tia Langray, Pierre Montario, Alsion III, Condor Heads, Saizo Tobigakeno e Bai-Hu.
Características e Recursos: Arcade, Versus, Team Battle, Online, Rollback Netcode, Galeria, Filtros de Imagem, etc;
Preço Médio de Lançamento: R$ 49,99
Site Oficial: LINK

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Um agradecimento especial para a QUByte Interactive pela key para Steam e por todo o trabalho espetacular de reviver um dos jogos mais injustiçados na história do gênero. 

7 comentários:

Leitura obrigatória:

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